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domingo, 11 de dezembro de 2011

Um projeto de combate ao racismo

Escola do interior do Espírito Santo transforma discussões preconceituosas em diálogos de respeito às diferenças


Assim era um dia comum no CMEB Mário Leal Silva, em Guaraná, distrito de 7 mil habitantes do município de Aracruz, a 66 quilômetros de Vitória. Uma funcionária vê o trabalho de outra e dispara: "Mas isso parece serviço de preto!" Ao chegar à escola, uma aluna da Educação Infantil ouve o comentário de uma monitora: "Ela é escurinha, mas é tão engraçadinha!" Já em sala de aula, dois alunos discutem e um deles não hesita: "Professora! Manda esse ‘macaco’ parar senão eu vou bater nele!" Embora atenda cerca de 700 alunos que vivem em uma comunidade onde aproximadamente 50% da população é afrodescendente, a falta de respeito com as crianças negras e pardas era flagrante na CMEB Mário Leal Silva. E isso se refletia na aprendizagem, pois eram essas mesmas crianças as que mais apareciam nos índices de reprovação (7,39%) e de distorção idade-série (20%).

Ao assumir a direção em 2008 e se deparar com essa realidade de preconceito, a diretora, Mônica Andréa Porto Louvem, decidiu enfrentar o problema. Até então, o tema "identidade racial" aparecia apenas como parte do conteúdo das aulas de História afrobrasileira para atender às determinações da Lei 10.639/2003. "A cultura negra, por exemplo, só era trabalhada no 13 de Maio", relata Mônica, referindo-se à data comemorativa da libertação dos escravos. Para combater o racismo, ela criou um projeto que envolveu toda a comunidade (leia a íntegra do trabalho).

Segundo Demétrio Magnoli, sociólogo e doutor em Geografia Humana, o fim de atitudes preconceituosas só é possível quando se desfaz a ideia de ‘raça’: "As raças foram nomeadas com base em conhecimentos falsos para atribuir poderes a alguns grupos. Aceitar nossa mistura e entender a diversidade com base na miscigenação e não pela segregação é algo crucial para a desconstrução do pensamento racista. E a escola é um pilar fundamental para promover essa mudança na sociedade. O ideal, quando esse tema é debatido, é falar em ancestralidade".

Postado por: Mônica Pontes da Costa Oliveira

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