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sábado, 12 de maio de 2012

ORGULHO-ME DE MINHA NEGRITUDE




Quero o direito de ser nega, neguinha, negona, pretinha,... como sempre fui...



Bla Bla Bla!!!... Muitas discussões... Mas poucas são as atitudes. Quando falo de atitude, não é de ficar brigando em tribunal porque alguém praticou bullying, chamando outrém de neguinho, ou macaco, não. Isso pode até render uns "cascalhos", mas não rende nada para a dignidade, seja de quem for o ofendido, sabendo que o racismo está, muitas vezes embutido em "pequenos benefícios legais".
A lei anti racismo não muda a cor da minha pele, mas também não me faz mais ou menos digna de minha negritude. Antes, é minha atitude frente a sociedade que me faz a mais honrada ou a mais ingna negra... Porém sempre serei negra, ou preta, pouco me importa a diferença ou o adjetivo.
Sou uma ativista em defesa dos direitos dos negros, como também sou dos brancos, dos amarelos (asiáticos), dos índios, como de quaisquer seres humanos, porque não é a cor da pele em si o que interessa, mas a pessoa em um todo.
Sempre fui nega lá em casa, e agora a lei diz que se alguém me chamar pelo apelidinho carinhoso que sempre gostei de ser chamada, é crime.
Nunca me ofendi se alguém, em sua santa burrice (coitados dos burros, animais) me chamasse de negra ou macaca. Primeiro porque macaco é, como qualquer outro animal, uma criatura da criação divina, e sendo assim, não é inferior ou superior a nenhum outro animal. Segundo, dizem que Darwin (cientista) alegou em suas teses, que o ser humano é uma espécie de evolução do macaco,... Aí outro dia meu filho me perguntou: "Se é verdade que o homem é evolução do macaco, mãe, como diz a teoria evolucionista, por que ainda existem macacos? Era pra existir só os seres humanos..."
E eu respondi laconicamente ao meu rebento de 14 anos (meu fiotinho): "Alguns macacos foram mais inteligentes e preferiram não evoluir"... Pelo menos assim, não se veriam obrigados a ouvir outros evoluídos tentando ofender sua espécie originária..." Entre os não evoluídos não existe isso,... macaco é macaco, ama a macaca, tem filhotes macaquinhos, e só brigam quando o negócio envolve domínio de território... Creio que isso é coisa de algum homem que involuiu e levou pros macacos esse comportamento de possessividade.
Voltando ao tema desse pensamento, quero aqui deixar claro (EU SOU NEGRA, minha tataravó paterna foi escrava trazida criança para o Brasil, aqui teve filhos, netos, bisnetos,... essas coisas que negros sabem fazer muito bem, já que dizem que negro é bom em sexo e, realmente precisava ser, pois engravidar suas amadas para produzirem mais escravinhos, procriar para alimentar a escrevidão com novos escravos nascidos, tinha-se que ter uma ereção muito boa mesmo e ser bastante capaz de dar conta do recado).
Minha mãe é uma mistura de branco, negro e índio (uma miscelânea etno racial) que deu origem a ela, e da união dela com o negão João Rita nasci eu, essa neguinha que muito queria ter a pele mais escura, e o cabelo mais sarará, os lábios mais grossos e o traseiro maior (nega bunduda, esteticamente falando, é uma coisa muito linda, ainda mais nos dias atuais em que a bunda fala mais e faz mais sucesso que uma boca comandada por um cérebro inteligente).
Enfim, eu sou negra, meus filhos são negros, no sentido pleno da palavra, amo minhas origens, todas elas que se uniram para me formar (negra, que prevaleceu, branca e indígena)...
Mas Zumbi não foi martir negro à toa, não é, negada? Não houve tantas lutas e enfrentamentos e conquistas políticas, legais, culturais, sociais e econômicas à toa, não é pessoal da cor?!!!
Sejamos como o nome desse grupo de pagode diz: "Só preto, sem preconceito!" Esqueçamos essa balela de fingir que o preconceito mora lá na esquina, ou não está dentro de nós, afinal, durante muito tempo, no gênesis de nossa formação para a vida, aprendemos de modo ideológico que negro só se destaca como pagodeiro ou jogador de futebol (o que se distoa disso, é chefe do morro); que português e loira são burros; que japonês tem bilau pequeno; que turco gosta de dinheiro e não mede esforços para possui-lo; que baiano é preguiçoso; que homem escritor (ou artista em geral) é viado; que sogra é boa morta; que mulheres mais agressivas sexualmente são piranha; que mulher não serve para pilotar veículos automotivos (muito menos para dirigir um país), mas sim, o fogão;... tudo isso são preconceitos, e que se perpetuam de pai pra filho, nem sempre de modo racional, mas intrinsicamente através de gestos, piadas, falas que escapolem, atitudes impensadas, ...
Quando todos se admitirem preconceituosos em algum setor de sua vida, e começarem a mudança dentro de si, primeiro, haverá possibilidades de se eliminar o preconceito, o racismo.
Por enquanto e sempre, me dou o direito de ser chamada neguinha, negona, pretinha, chedadinha na cor... etc... eu amo minha negritude, e quem pensa que me ofende tentando focar nesse aspecto de minha existencialidade, perde tempo... As pessoas (digo isso de um modo geral) estão muito preocupadas com o exterior, quando o importante é a essência dos seres,... mas lembrem-se, " eu não sou negra com alma branca", minha essência é mais negra que eu (crioulinha que só, totalmente retinta)...

Irene Cristina dos Santos Costa  -  Nina Costa
, 10/05/2012

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 10/05/2012
Reeditado em 10/05/2012
Código do texto: T3660387 
 http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/3660387
Por Irene Cristina dos Santos Costa (autora)

Jovem Escritor Mimosense, menbro a ALMA, Colunista do Jornal virtual local escreve sobre Racismo

Felipe Pardal

 O racismo camuflado do brasileiro










09/05/2012

O racismo camuflado do brasileiro

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Racismo – esse ainda é um tema largamente discutido na mídia, uma vez que ainda se veem diversos casos de preconceito racial nos jornais e telejornais. Mas eu creio que é sempre interessante acrescentar algo ao tema; portanto, a crônica de hoje tratará sobre ele. Tratará, aliás, de como podemos ser 'racistas' sem nos apercebermos disso, nas situações as mais variadas.
•• É incrível como alguns pensamentos racistas se incrustaram na mente do brasileiro; o mais inacreditável, no entanto, é que poucos são aqueles que questionam tais pensamentos e muitos são os que os passam adiante sem sequer saberem porque pensam assim. E esses pensamentos compreendem não somente o lado social, mas também o estético, entre muitos outros. O racismo fez com que admitíssemos um determinado padrão de beleza, fez com que criássemos piadas sobre negros. O brasileiro não se julga racista, mas é. Há um belo tempo.
•• Atenção: Acho de bem explicar o objetivo desta crônica, assim como fiz em ‘Onde o cão tirará sua soneca’. Este post não busca explicar o processo histórico pelo qual o Brasil passou para tornar-se um país ‘racista’. Evidente que não é um texto tão descontraído como o que citei acima; entretanto, se você procura artigos mais técnicos, leia ‘Racismo no Brasil’ (Wikipédia) ou ‘Democracia Racial: A questão do racismo no Brasil’ (Brasil Escola).

NOSSO PADRÃO DE BELEZA

Gosto de desenhar. O que não é novidade para nenhum leitor que já tenha acessado a primeira, a segunda e a terceira partes da série ‘Rabiscos residenciais’. Embora não venha desenhando com o mesmo ritmo de tempos atrás, ainda gosto – e muito – de fazê-lo.
•• Certa feita, uma mulher (digamos que seu nome seja Creuzodete) pediu que eu rabiscasse um retrato seu. Pois bem: a Creuzodete não apenas pediu uma ilustração; pediu que eu ‘afinasse’ seu nariz na mesma. E riu. Imagine a cena:
•• – Mas, ó, dá uma afinadinha no nariz, hein! – disse e riu.
•• Tudo por acreditar que seu nariz não era demasiado ‘fino’ a ponto de ser um ‘belo’ nariz. Mas por que cargas d’água a Creuzodete não tinha lá muita simpatia por tal parte do rosto? Direi: porque cultuou um padrão de beleza ‘branco’. Porque um nariz largo (extremamante comum nos negros) parecia-lhe feio. Importante é que se entenda que a Creuzodete não é a única a adotar um padrão de beleza europeu. Todos nós, brasileiros, adotamos.
•• Até você, do outro lado da tela.
•• Óbvio que o nariz não é o único a ser afetado por nosso padrão de beleza: o cabelo também não escapa. Toda essa obsessão por alisar as ‘madeixas’ ou ‘afinar o nariz’ decorre, provavelmente, da ideologia do branqueamento, que (num resumo medíocre) fez com que os negros:
Þ      Absorvessem valores europeus, morais e sociais;
Þ      De certa forma, ‘renegassem’ suas próprias raízes.
•• E graças ao bom Deus isso já foi amenizado.

NOSSAS ESTATÍSTICAS

Apesar de as cicatrizes deixadas pela ideologia do branqueamento terem sido mascaradas pelo creme do tempo, nossas estatísticas ainda impressionam. Há, em média, 7.4% mais negros analfabetos do que brancos, assim como 1.4% mais negros desempregados. Agora, um parêntese:
•• (Não, eu não me esqueci que esta é uma crônica, e, logo, um texto de cunho mais pessoal. Ainda assim, as informações acima são enriquecedoras e – por que não? – essenciais ao desenvolvimento de um bom artigo. Logo, terei prazer em entrar em contradição e expor mais alguns fatos históricos que podem esclarecer a atual situação dos negros brasileiros.
•• Dito isto, prepare-se para um flashback.
•• Imagine-se no século XIX. Está livre de iPads, iPods e iPhones. Sequer sabe o que é um computador. Por outro lado, se considerar que ainda não passamos de maio de 1888, já cansou-se de ver negros escravos. Deve também ter percebido que eles, os negros, não se agradam com sua condição. Alguns refugiam-se em matas fechadas (ou em outros lugares de difícil acesso) e acabam por formar quilombos. Outros vão mais longe e se automutilam. Suicidam-se, até.
•• Certo. Agora dê um salto de pouco mais de quinze anos.
•• O dia 13 de maio já passou há um bom tempo. Os negros são livres, mas não possuem qualquer direito. Terras, escola, moradia e – quem diria? – água, são privilégios da população branca.
•• E agora, um último salto: volte ao dia de hoje. Tudo o que citei marcou de tal forma a sociedade que nos conduziu às estatísticas exibidas acima. Tivemos quase dois séculos para dar fim às desigualdades entre raças, e não demos. Nós as amenizamos, tão-somente. E hão de se passar mais dois séculos, e mais dois, e ainda mais dois, e não teremos dado cabo de tal problema.

CONCLUSÃO

O racismo no Brasil é evidente, e se apresenta de forma tão drástica que a raça – não seria exagero dizer – determina a qualidade de vida de um indivíduo. O que deve ser encarado como uma vergonha pelo povo do país do samba.
•• Quando alguma mulher lhe avisar que está prestes a fazer uma cirurgia a fim de 'afinar' o nariz, você saberá o que a levou a tomar a decisão: nosso padrão de beleza, fruto da ideologia do branqueamento. Lembre-se que isso não se aplica aos narizes aduncos, que são feios mesmo. Só aos narizes largos, típicos dos africanos.
•• Quando alguma mulher lhe avisar que está prestes a ir ao salão e a gastar parte significativa do pé-de-meia alisando as 'madeixas', bem... você saberá. E não tente convencê-la do contrário. Além de estar sempre certa (por se uma mulher), ela é movida por pensamentos racistas de séculos atrás. Não arrisque sua vida tentando dissuadi-la. Controle-se, e viva.
•• Se deseja manter-se informado a respeito de salários em função da cor da pele, acompanhe as pesquisas, busque a informação. E, caso queira aprofundar os conhecimentos no tema deste post, recomendo-lhe os seguintes artigos wikipedianos: 
Þ      Escravidão no Brasil
Þ      Racismo no Brasil (sim, de novo)

E VOCÊ?

Já havia questionado antes o porquê de alguns comportamentos do povo brasileiro? Já havia pesquisado sobre o racismo no Brasil? Comente e deixe que os outros conheçam sua opinião!
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Fonte:  http://www.mimosoonline.com.br/?secao=colunas_exibe&id=139&colunista=174





Minha foto 
É uma alegria ver a juventude discutindo de forma tão consciente as questões raciais. Felipe Pardal, em sua tenra idade, é um talentoso escritor mimosense, que participa da ALMA - Academia de Letras de Mimoso do Sul & Artes, não ainda como membro oficial, pelo fato de ser menor, mas contribuindo com seu indiscutível talento. Eu, enquanto Presidente da ALMA, não poderia deixar de dar destaque ao texto de Felipe, que se alguém quiser, poderá ver também, na Coluna do Jornal virtual local,  Mimosoonline.com.br




Por: Por Irene Cristina dos Santos Costa