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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sexualiudade: Confusão com conceitos pode causar embaraços

Qua, 14 de Outubro de 2009 09:47 Administrador 
Identidade, Papel Sexual e Padrões de Comportamento Afetivo-SexuaisSexualidade Humana I: Sexo, Gênero, Identidade, Papel Sexual e Padrões de Comportamento Afetivo-Sexuais.
A grande maioria das pessoas ao discutir questões ligadas à sexualidade humana, tanto na conversa informal quanto em conversas mais elaboradas, têm uma grande dificuldade em diferenciar termos como homossexual, transexual, gay, bissexual, travesti, entre outros.
Em parte, a dificuldade vem muito da falta de uma padronização para situações diferentes da heterossexualidade. Apesar disso, existem várias proposições que ajudam muito principalmente aqueles que trabalham com sexualidade e comportamento humano: educadores, psicólogos e médicos. A idéia deste artigo não é discutir a origem dessas situações, muito menos apresentar qualquer tipo de julgamento sobre o que pode ser certo, errado, ajustado, desajustado, fisiológico, patológico, ou qualquer outro tipo de conceito que julgue as situações que serão apresentadas, mas simplesmente apresentar, dentro de uma proposta que acho a mais didática, as diferenças entre esses termos e como cada uma se apresenta a nós. Esta proposta é trazida pelo médico Dr. Ronaldo Pamplona da Costa, no seu livro Os 11 Sexos. Dr. Ronaldo Pamplona da Costa é médico pela Universidade Federal do Paraná e Psiquiatra pela USP. É também Psicoterapeuta, supervisor de Psicodrama pela Federação Brasileira de Psicodrama, um dos diretores do Departamento de Sexualidade da Associação Paulista de Medicina e docente do curso de pós-graduação (sensu lato) em Sexualidade da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH). Todas as imagens e gráficos apresentados são encontrados no seu livro e no seu site, mostrado no final deste texto nas referências bibliográficas
Os termos.
A importância em se discutir esses termos vem da mesma idéia de Kardec na introdução do Livro dos Espíritos onde ele diz: “para coisas novas precisamos de termos novos”. Os termos apresentados aqui não são novos, mas geralmente são usados de forma equivocada, muitas vezes até como sinônimos. Para facilitar nosso estudo, utilizaremos o Dicionário Aurélio, para revisarmos o estudo da palavra, mais a forma técnica como são empregados. Outro termo importante, que é sempre fundamental quando estudamos comportamento humano, é o ser como indivíduo bio-psico-social. Os termos utilizados neste estudo são empregados para descrever características nestes diferentes aspectos: bio – a constituição orgânica do indivíduo; psico - suas características psicologias e social – o meio onde este indivíduo está inserido. Basicamente, nossa discussão vai ficar com base nos seguintes termos: sexo, identidade, gênero e papel.
Sexo.
Palavra que vem do latim (sexu) e significa principalmente: conformação particular que distingue o macho da fêmea, nos animais e nos vegetais, atribuindo-lhes um papel determinado na geração e conferindo-lhes certas características distintivas. Também encontramos os significados: (2) O conjunto das pessoas que possuem o mesmo sexo; (3) Os órgãos genitais externo; (4) Fazer sexo. 1. Ter relações sexuais; fazer amor; copular. Portanto, quando falamos aqui em sexo, significa a que grupo o indivíduo pertence pelas características biológicas que este apresenta, definido desde antes do nascimento. Quando alguém esta para nascer, ou logo ao nascer, e alguém pergunta: “é menino ou menina?”, a princípio estamos querendo saber se é macho ou fêmea, como nos animais quando têm filhotes: macho ou fêmea. São as características da aparência (fenótipo) com as quais este indivíduo se apresenta ao mundo, tanto ao nascer quanto durante seu desenvolvimento, que culmina com as definições dos caracteres sexuais secundários na adolescência. Hoje em dia, utilizamos o macho mais como característica que define particularidades na atitude de um homem rude, ignorante, destemido ou até paradoxalmente muito inseguro. E fêmea, ao mesmo modo, como mulheres de características físicas e atitudes destacadamente sedutoras. Com isso, teremos indivíduos com características biológicas variando desde o mais genuinamente macho até a mais genuinamente fêmea, passando por diversos graus de estados intersexuais. O hermafroditismo genuíno – um indivíduo com as genitálias externas tanto de fêmeas quanto de machos – não existe na natureza humana, mas diversas são as malformações, tanto de origem genética quanto metabólica, que podem levar a estados intersexuais.

Os 11 SexosSEXO BIOLÓGICO DEFINIDO: FENÓTIPO
Identidade.
Como o nome diz, identidade é aquilo que identifica. Também vem do latim (identitate) e significa no dicionário o "conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa: nome, idade, estado, profissão, sexo, defeitos físicos, impressões digitais, etc.”. Quando estudados comportamento, dois conceitos são importantes em identidade: identidade genital e identidade de gênero.
Identidade genital: de grande importância para definirmos a qual gênero pertencemos. Se forma aproximadamente aos 2 anos e meio de idade e decorre do contato do próprio indivíduo com sua genitália, tomando este consciência do órgão que tem e se identificando com o pai ou com a mãe ou com as pessoas que estão mais próximas a ele nesta fase. De qualquer forma, a identidade de gênero se forma no indivíduo a partir deste contato com a própria genitália para ter importância no direcionamento do “grupo” a qual ele pertence e para onde irá direcionar seu aprendizado, se espelhado nas atitudes daqueles que o criam, especialmente daquele que “é igual a ele”.
Identidade de gênero: significa com qual grupo nos identificamos, isto é, a que gênero nos sentimos pertencer: nos sentimos como homem ou como mulher. Independe, a princípio, do sexo de nascimento, e se refere a uma sensação. Segundo Robert Stoller (1964), identidade de gênero é a “sensação interna de pertencermos ao gênero masculino ou feminino, bem como a capacidade de nos relacionarmos socialmente fazendo uso deste gênero”. Ela se complementará com o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários na adolescência (pelos pubianos, desenvolvimento das mamas (fem.) e tórax (masc.), desenvolvimento dos órgãos genitais internos e externos, localização de gordura de cada sexo, início da capacidade reprodutora (física e mental), mudança da voz, etc.). Juntamente com estes processos, temos a consolidação, na vida adulta, de nossa orientação afetivo-sexual, isto é, para que tipo de parceiro estará orientada nossa bússola sexual.
Os 11 SexosIDENTIDADE DE GÊNERO: SENTIR-SE COMO
Gênero.
A definição de gênero é mais abrangente, com diferentes significados dependendo do contexto, mas para nós aqui gênero (do latim genus, eris, ‘classe’, ‘espécie’) se enquadra melhor os dois significados a seguir, segundo o Dicionário Aurélio: (1) qualquer agrupamento de indivíduos, objetos, fatos, idéias, que tenham caracteres comuns; espécie, classe, casta, variedade, ordem, qualidade, tipo; (2) um dos predicáveis (q. v.): característica(s) que uma coisa tem em comum com outra, e que lhe(s) determina(m) a essência, quando acrescida da diferença. Depois de termos nascido com um sexo específico e de termos criado nossos registros inconscientes nos identificando com aquilo que somos, estaremos prontos para desempenharmos um papel na sociedade. Esses papéis são como os papéis que os artistas representam nos filmes, peças e novelas; são pessoas e desempenham papéis fazendo-se passar por outras. Muitas vezes fazemos também isso, desempenhando papéis de personagens reais que na verdade não são nós mesmos, representando personagens nossos que não estão necessariamente de acordo com a maneira pela qual nos sentimos ou pela qual nascemos. Esses papéis são chamados de papéis sociais de gênero, isto é, o nosso comportamento frente às demais pessoas e à sociedade como um todo e em sexualidade estendemos para papéis afetivo-sexuais. Socialmente, um indivíduo assume papéis masculinos ou femininos. Segundo Pamplona, “é a unidade de conduta que se dá entre duas pessoas ou mais, que é observável e resultante de elementos constitutivos da singularidade do agente e de sua inserção na vida social”. É importante existir uma sintonia entre o que sentimos (identidade de gênero) e a nossa maneira de agir (papel de gênero), para evitarmos o surgimento de conflitos, as muitas vezes assim não o fazemos em decorrência de compromissos sociais.
Os 11 SexosPAPÉIS DE GÊNERO: PAPEL SOCIAL
Relações Afetivo-Sexuais.
Os principais conceitos já foram descritos acima, mas precisamos discutir mais detalhadamente dois itens que já foram citados: orientação afetivo-sexual e papéis afetivo-sexuais.
Orientação afetivo-sexual: como dito anteriormente, é para onde orientamos a nossa busca de parceiro, isto é, para que tipo de parceiros sentimos necessidade de ter um relacionamento afetivo, sexual ou afetivo-sexual. Se este parceiro(a) for do outro sexo, teremos uma orientação afetivo-sexual heterossexual (hetero=diferente; do sexo diferente), se for do mesmo sexo, homossexual (homo=igual, mesmo; do mesmo sexo). Segundo Pamplona, é definida como “a sensação interna de que temos a capacidade para nos relacionarmos amorosa ou sexualmente com alguém; está vinculada aos sentimentos que existem dentro de nós em relação à outra pessoa: desejo e prazer sexual, sensações de orgasmo, fantasias, sonhos eróticos, repulsa, ódio, indiferença, frieza, etc”. Forma-se na primeira infância (aproximadamente até quatro anos de idade), mas começa a aparecer na adolescência e poderá ou não ser confirmada mais tarde na vida adulta. Portanto, nunca poderemos dizer que uma criança é homossexual ou não e o fato de um homem ser “mais afeminado” do que o esperado para uma determinada sociedade ou uma menina “mais viril”, não significa que o objeto de desejo sexual deles seja outra pessoa do mesmo sexo, muito menos o contrário. Nascer com um sexo biológico, se identificar com um gênero, interpretar seus papéis num determinando gênero, não significam que este indivíduo obrigatoriamente deva ter esta ou aquela orientação afetivo-sexual. Parece meio confuso, mas não o é. Com a ajuda das figuras anexadas neste texto, todas do site do Dr. Pamplona, fica mais claro o entendimento.
Papéis Afetivo-Sexuais: somente complementando o que já foi dito anteriormente, os papéis se referem a forma como interpretamos aqueles papéis que se formaram durante o processo de formação de nossa personalidade desde nosso desenvolvimento uterino até o final da infância, passando pelas adaptações da adolescência e se exteriorizando de verdade na vida adulta: que tipo de parceiros verdadeiramente gostamos, o que queremos ser, nossas dificuldades, nossos conflitos, nossos talentos, a forma como lidamos com perdas, dificuldades, poder, relações com pais, patrões, etc. A questão dos papéis é que existem três situações bastante diferentes num processo que é de difícil entendimento para aqueles que nunca tiverem o privilégio e a oportunidade de fazer terapia e conseguir adquirir um autoconhecimento real e, só assim, poder se dimensionar em todos os níveis. Essas questões estas ligadas diretamente ao nosso comportamento global, com nossos aspectos racionais e mais ainda com os nossos inconscientes. Exemplificando é mais fácil, fazendo o seguinte exercício: normalmente, nós nos sentimos de uma determinada maneira (tipo 1). Essa maneira pode não ser a maneira pela qual gostaríamos de ser vistos (tipo 2) e pode não a ser ainda a maneira pela qual os outros nos vêem (tipo 3). Conseguir descobrir essas três “diferentes” pessoas dentro de si mesmo é um exercício difícil e às vezes doloroso, porque muitas vezes temos de entrar em contato com alguém que na verdade odiamos (projetamos nos outros) e não aceitamos sermos nós, especialmente a descoberta deste este outro eu for aquele do tipo 3. Para quem achava que esta questão dos papéis seria a mais simples, é sem dúvida a mais complicada.
Os 11 SexosORIENTAÇÃO AFETIVO-SEXUAL: OBJETO DE DESEJO
Dentro dos papéis, precisamos definir mais dois termos, comuns hoje em dia, mas pouco explicados:
travesti: (do francês travesti), é um substantivo masculino que significa: (1) disfarce no trajar ou (2) - substantivo de dois gêneros - indivíduo que, geralmente em espetáculos teatrais, se traja com roupas do sexo oposto. O travesti se “traveste” do sexo oposto, sem ter identidade do sexo oposto (sente-se como de seu sexo mesmo) ou ter orientação afetivo-sexual homossexual, preferindo geralmente parceiros do sexo oposto. Sente-se, ao mesmo tempo, homem e mulher. Ele sabe que é homem e geralmente não pensa em eliminar o órgão sexual masculino. Os que se vestem de maneira caricata, bem-humorada, são chamados de drag queens. Porém, nem todo homem que se veste de mulher é um travesti.


transexual: (psiquiatria) desejo que leva o indivíduo a querer pertencer ao sexo oposto, cujos trajes pode, até, adotar, além de esforçar-se tenazmente no sentido de se submeter a intervenção cirúrgica visando a transformação sexual. Neste caso, o indivíduo se incomoda com o sexo que tem: sente-se como do sexo oposto (identidade), desempenha papéis do mesmo sexo – o homem transexual, por exemplo, fala em se casar, ter filhos, cuidar da casa, do “marido” – e tem verdadeira aversão ao órgão sexual que tem, submetendo-se à cirurgia de mudança de sexo na primeira oportunidade que tiver. Inclusive, alguns indivíduos transexuais são contrários a homossexualidade, porque esses seriam, nesse momento, concorrentes destes. Alguns homens transexuais têm aversão até em pegar no pênis para urinar e as mulheres se sentem extremamente desconfortáveis em fazer exames preventivos ginecológicos.

Assim fica mais fácil entender que, por exemplo, um homem, que nasça com a genitália de macho (pênis, testículos, etc.), que se sinta como homem e exerça papéis masculinos (gosta de esportes violentos, poder, etc.), mas que queira manter relações afetivas e sexuais com um outro homem, não tem “alma de mulher”: não querem usar vestidos, usar roupa cor-de-rosa, brincos, etc. São homens homossexuais e não carecem de se comportarem como mulheres ou afeminados porque não o são. O mesmo vale para as mulheres.
Ter nascido com genitália de macho, ter uma identificação como homem e exercer papéis masculinos, mas ser mais delicado que os outros membros destas descrições que exercem papéis bem mais viris, colocando-o numa situação de “afeminado”, e ainda querendo manter relações afetivo-sexuais com alguém do sexo oposto (heterossexual), não faz desse homem uma pessoa que possa ser chamada de gay ou algum candidato à orientação homossexual. Lembrando sempre que a condição de heterossexual ou homossexual só si definirá na vida adulta, tomemos cuidado ao emitirmos pareceres informais ou não sobre o desenvolvimento de determinadas pessoas, seja em que fase de nossa vida – e de nossa existência – que for.
Oa 11 SexosPAPÉIS AFETIVO-SEXUAIS
Finalizando, precisamos sempre nos informarmos antes de falarmos o que não sabemos e muito menos aquilo que não devemos. Quando o assunto é estudo do exercício da sexualidade humana, a coisa se complica um pouco mais. Ainda para aqueles que se perguntam desde o início do texto, o que um texto como esse tem a ver com a AMEMS e ao espiritismo, termino colocando que este tema é sim de grande interesse ao estudo do comportamento, da ciência que o engloba e da Doutrina Espírita, que o engloba a todos. Discutir sobre sexo é discutir se um indivíduo é macho ou fêmea. Discutir sexo dos espíritos é discutir se um determinado indivíduo irá encarnar com corpo macho ou fêmea. Discutir sexualidade humana é discutir comportamento sexual daqueles indivíduos que habitam determinados corpos - obviamente dentro da visão espírita - e que já vem com muitas histórias que nos fazem retornar a futuras encarnações, complicadas por questões ligadas a mau uso do poder e sexo. Portanto, entender até que ponto nossas atitudes e pensamentos sexuais são decorrentes de nossa vida atual, de nosso corpo atual, de vidas passadas, de nossa alma, de nosso perispírito, de nossas boas ou más companhias de encarnados e desencarnados, depende de muito estudo e uma visão sempre o mais imparcial possível. Evitar colocações preconceituosas e julgamentos – atitudes sempre na contramão da atitude e do pensamento cristão – depende sempre de nos esclarecermos antes de tudo e termos sempre uma postura empática, até porque a princípio nos foi dado o privilégio de no momento não termos de conviver com nossas vidas passadas e assim não lembrarmos do que fizemos, podendo a situação atual de alguém que condenamos hoje ter sido a nossa em algum momento de nossa existência espiritual.

Referências Bibliográficas:
1. Os Onze Sexos: as múltiplas faces da sexualidade 


humana (Livro). Ronaldo Pamplona.
2. Os Onze Sexos: as múltiplas faces da sexualidade 


humana (Web Site). Ronaldo Pamplona.




Autor do Artigo:
Ivan Sinigaglia Nunes Pereira
Médico formado pela F.C.M. da Santa Casa de São Paulo.
Residência Médica em Ginecologia pelo D.O.G.I. da Santa Casa de São Paulo.
Pós-Graduação sensu latu em Terapia Sexual e Sexologia Clínica pelo Centro de Estudos Persona - SBRASH (Prof. Dr. Nelson VItiello).
Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia do Brasil).
Título de Especialista em Sexologia Clínica pela SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana).
Membro da Diretoria Científica (2008-2009) da Associação Médico-Espírita de Mato Grosso do Sul.
Campo Grande, MS, 04 de agosto de 2008.
http://amems.org/amems/index.php?option=com_content&view=frontpage&limitstart=45

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