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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Texto: Manifesto contra-sexual

Beatriz Preciado

A autora insiste sobre as contradições e epistemologias que vêm marcando a recente reflexão sobre a política da sexualidade e de gêneros não só no feminismo, como também, e com o mesmo rigor, na filosofia francesa e nas teorias contemporâneas do corpo e da performance.
O trabalho de construção contra-sexual abordado por Preciado rompe a com toda uma série de binômios oposicionais: homossexualidade/heterossexualidade, homem/mulher, masculino/feminino, natureza/tecnoçogia.
Nesse momento, Preciado leva sua máxima produtividade aplicando-se a novas bio-tecnologias de produção e reprodução do corpo. Deste modo, este manifesto põe um acento nas questões em análise feministas e queer: o corpo como espaço de construção bio-política, como lugar de opressão, mas também como centro de resistência.

Max Sauco artista retratando nesta imgem a questão do corpo como lugar de opressão.
Coloca-se aqui uma filosofia do corpo em mutação. Os jogos sexuais, a prostituição, a sexualidade anal, as operações de mudança de sexo, o sadomasoquismo ou fetichismo. Preciado convoca todos estes como os novos proletários de uma possível revolução sexual.
De acordo com Beatriz, a contra-sexualidade não é a criação de uma nova natureza, mas sim o fim da natureza como sujeição dos corpos. A contra-sexualidade supõe que o sexo e a sexualidade (e não somente o gênero) devem compreender-se como tecnologias sócio-políticas.

 Max Sauco em suas imagens utiliza-se da surrealidade para transpor aquilo que é predefinido pela norma recriando a natureza de gênero e sexualidade gerando uma nova construção dos corpos.
Com a vontade de desnaturalizar e desmitificar as noções tradicionais de sexo e gênero, a contra-sexualidade tem como tarefa prioritária o estudo dos instrumentos e aparatos sexuais e, portanto, as relações de sexo e gênero que se estabelecem entre o corpo e a máquina.
O sexo como tecnologia biopolítica determina que o sexo, como órgão e prática, não é um lugar biológico preciso nem uma posição natural. O sexo é uma tecnologia de dominação social que reproduz nos corpos, os espaços e discursos da equação natureza=heterosexualidade.

O corpo como lugar não biológico mas que pode ser construído por meio de aparatos tecnológicos. (Imagem: Max Sauco)
Neste contexto, a criação da diferença sexual é uma operação tecnológica que consiste em extrair determinadas partes da totalidade do corpo ou modificá-las para que exista uma outra significação sexual. O gênero é construído, resultando de uma tecnologia que fabrica corpos sexuais.
  Os órgãos sexuais como tais não existem. Os órgãos que reconhecemos como naturalmente sexuais são já um produto de uma tecnologia que provoca uma ruptura com relação ao sistema sexo/gênero dominante.
 
Tecnologia que provoca uma ruptura com relação ao sistema sexo/gênero dominante. (Imagem: Max Sauco)
Maria Emilia
http://culturavisualqueer.wordpress.com/2010/07/13/texto-manifesto-contra-sexual-beatriz-preciado/


 No texto de Beatriaz Preciato, ilustrado pela arte de Max Sato, é levantada uma nova faceta da questão da sexualidade, de sexo, gênero e tecnologias  no panorama da contemporaneidade, que pressupõe a construção de contra-sexual que vislumbra os "novoc proletariados do sexo", a saber: lésbicas, gays, travestis, transsexuais, bissesuais, dregs,... que estão à margem da classificação convencional de gênero e nesse contexto ainda focaliza nas bio-tecnologias como uma possibilidade de reconstrução do corpo para atender à revolução sexual tendo "o corpo como espaço de construção bio-política, como lugar de opressão, mas também como centro de resistência."
Convenhamos que é um posicionamento bastante fora do convencional e propõe uma quebra radical de paradigmas  que se perpetuaram no decorrer da história da humanidade no cortex do senso comum, do pensamento coletivo, levando-se em conta princípios morais, éticos e religiosos.
Por: Irene Cristina dos Santos Costa, Grupo MSul04 "Performance Negra"

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